sábado, 25 de fevereiro de 2012

Um olhar diferente sobre Wayne Hooper


Há exatos 5 anos, falecia o Pai dos Produtores, Arranjadores e Compositores Adventistas. Antes dele, nenhum músico adventista ousara criar Música com identidade e estilo próprio na IASD.
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Então Deus levantou Wayne Hooper.
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Ai estão as 15 canetadas mais animais saídas da mão e da mente brilhante desse Mestre. 

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No "escurinho" ao lado está o Link : http://soundcloud.com/top10-3/sets/top/
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Pra entender melhor o que vc ouve, sugiro que leia

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Quando eu estava começando meu Ministério Musical e minha carreira de Músico Profissional recebi o mesmo conselho de várias pessoas : "Ouça as coisas do Wayne Hooper."
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Obedeci, e aprendi a beça. Recomendo, principalmente a quem é Músico tb.
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Sua Música está muito acima do previsível Southern Americano.

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Em 1943, 100 anos após o início do Movimento Adventista, Wayne Hooper iniciou seu Ministério Musical na IASD.
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Pouquíssimos se dão conta : Wayne Hooper foi o 1º Grande Músico da IASD
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Descrito como “pouco simpático” e “extremamente exigente”, Wayne Hooper com certeza era a pessoa certa pra implantar um rumo musical à IASD.
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Não sabemos claramente os bastidores das pressões que ele sofria, mas em sua Obra Musical há uma grande dose de pura e simples desobediência às idéias furadas de uma liderança musicalmente engessada, refém de idéias atrasadas, mas que eram vigentes em toda a América, e em todas as denominações religiosas.
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Deus sabia que a IASD precisava de alguém com autoridade suficiente pra fazer valer idéias novas, mas com juízo suficiente pra recuar qdo necessário. Alguém capaz de criar novos caminhos, mas capaz de sobreviver às pressões do conservadorismo.
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Não era o momento pra um gênio do improviso, e sim um momento pra um gênio do método

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Num tempo onde as gravações eram extremamente precárias, Wayne Hooper produziu um som impecável.
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Ele lançou a técnica de colocar tenores de um lado, e baixos de outro, no Stéreo.
A idéia era trazer mais clareza ao som.
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Por Providencia Divina, Wayne Hooper mirou numa coisa e acertou em outra :  O Stéreo dividido permitiu que muitas pessoas conseguissem “tirar de ouvido” as músicas do King’s Heralds, permitindo a criação de centenas de outros quartetos ao redor do mundo, espalhando a mesma mensagem.
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A necessidade evangelística desafiou Wayne Hooper a comandar os King’s Heralds em gravações em Espanhol, Português, Coreano, Japonês. Isso popularizou grandemente o estilo, principalmente na América Latina, e mais ainda no Brasil
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É bom lembrar que as harmonias do Wayne Hooper se espalharam rapidamente pelo mundo, num tempo onde não havia Internet, nem TV, e o acesso a partituras era extremamente difícil

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Num tempo de forte segregação racial nos EUA, Wayne Hooper não podia ter negros no quarteto, por uma série de razões.
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O que ele fez ? Encheu o repertório dos King's Heralds com os  Negro-Spirituals.
Não eram canções bem aceitas na IASD, mas como ele não abria mão da empostação vocal, nem da Harmonia erudita; acabou mostrando incrível habilidade em fazer essa fusão, tornando os Negro-Spiritual mais palatáveis aos ouvidos dos preconceituosos.
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Obviamente, há quem diga que ele "embranqueceu" os Negro-Spirituals. Não procede. O que é nitidamente visível aos olhos da fé, é que Wayne Hooper criou uma ponte, que acabou se mostrando indestrutível. Além de dar uma qualidade impensável a melodias extremamente simples.
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Usou com fartura também melodias tradicionais européias, músicas do Classicismo, Romantismo e até do Barroco
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Abriu decisivamente o leque, num tempo onde a regra era engessar, segregar.

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Por mesclar tantas culturas no repertório dos King’s Heralds, Wayne Hooper se dedicou mais a fazer arranjos, do que a compor. Mas qdo compôs ...
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A parte harmônica dos arranjos e composições de Wayne Hooper, merece uma tese doutoral acadêmica.
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Dos recursos simples do Country americano, às complicadas dissonâncias eruditas à la Stravinski ou Bartok. Dos recursos harmonicos do Romantismo Europeu, às várias passagens à la Gershwin, ou recursos de Harmonia Jazzistica
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O cara possuía uma habilidade inacreditável de fazer a melodia passear por todos os naipes, invertendo acordes com incrível facilidade, sem perder o pique da canção. Detinha uma inacreditável habilidade de levar a melodia para o Baixo e ainda assim conseguir acordes surpreendentes.
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Sem nenhum temor, era capaz de descer de tom em momentos onde qualquer outro faria o contrário.
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Os arranjos e composições do Wayne Hooper não são músicas simplesmente pra ouvir. São pra ser estudadas.
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Não há absolutamente nenhuma nota inocente ou sem propósito.

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Wayne Hooper encerrou sua brilhante e produtiva carreira em 1977, mas deixou um sucessor ainda melhor do que ele mesmo : Jim Teel
Mas isso fica pra outro dia.

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Genialidade ? Intuição ? Método ? Sorte ? Tudo isso junto ?
Não. É muito mais que isso
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Sobre a poderosa caneta de Wayne Hooper estava a mão de Deus.
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E Deus fez de Wayne Hooper, o Pai dos Produtores , Arranjadores e Compositores Adventistas.
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Alguém duvida ?



terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Máquina do Tempo - Jingles e Vinhetas Leme Produções - 1994 a 1998

Olha ai mais uma Relíquia sensacional
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São Jingles e Vinhetas produzidas por mim, pelo Lúcio Monteiro e pelo Elson Gollub, entre 1994 e 1998
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Nos vocais, além de nós 3; estão : Kátia Rocha, Keila Viana, Angelo Meireles, Ninon Rose, Pollyanna Sampaio, Sidnéia Brito e Fábio Meireles
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Alguns desses Jingles e Vinhetas foram produzidos por nós antes da  criaçao oficial da Leme Produções, mas obviamente foram absorvidos pelo Portfólio da empresa.
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LEME = As iniciais de Lúcio Monteiro, Eurico Ribeiro, Marcelo Meireles e Elson Gollub 
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Nos teclados, além de mim, tocam tb o sensacional Henrique Jota, músico secular em BH.

Nas locuções estão : Daniel Barros (locutor nº 1 de MG), Carlos Holanda (Rádio Guarani FM ) e Nélio Fernandes (outra fera em BH).
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Tive o atrevimento de me inserir entre esses 3 ícones da locução em MG, e acredito piamente que não fiz feio rsrsrs
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No jingle "Revive BH" tem uma canja do Rogério Reis ( o timbre é inconfundível) e tb da Priscila e da Andréia do inesquecível Grupo Carisma
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Na Vinheta "Alguém ajudando alguém" tem uma canja do Henrique Valencio ( Centelha, Vereda, Uniarte, Black Singers )
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No Jingle "Moura Calçados" tem uma participação do Jones César  ( Centelha, Athus )
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Os telefones anunciados tem prefixo de 3 dígitos. Todos esse jingles foram gravados antes da Privatização da Telefonia
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A Central Habitacional se dividiu em MRV e TENDA presentes em todo o país.
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As Vinnetas e Institucionais da Rede Novo tempo, são as primeiras personalizados da Rede. Nessa época ainda não havia a TV Novo Tempo, e a Rede abrangia apenas as Rádios do ES
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A Rádio Louvor e Paz 103, 3 funcionava em Ipatinga (MG). Não sei se ainda transmite
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As lojas Vila Jeans e Tok Moda, são de Vila Velha(ES) no Glória, bairro famoso pelas confecções
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Dos jingles políticos, os 2 da Campanha de Prefeito embalaram vitórias.
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Orlando e Djalma (PMDB) venceram em Perdizes (MG) com facilidade no 1º turno
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A inacreditável paródia de “É o amor”, virou “È o Orlando” está 1,5 tom abaixo do Original;  e mata de vergonha rsrsr e de risada.             Feio demais, mas ajudou a embalar a vitória do cara
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Jésus Lima (PT) venceu em Betim(MG), numa virada espetacular, numa eleição perdida. A virada começou a 2 semanas da eleição e foi embalada por esse Jingle.
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A empatia c/ o Jingle foi tanta em Betim, que no supercomício no encerramento da Campanha, no Bairro Imbiruçu, Betim ( nessa época era permitido o showmício), a cúpula do PT baixou em peso pra consolidar a virada nas pesquisas. Só o Lula não foi.
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Contrataram a nossa equipe que gravou o Jingle, a poucas horas desse big comício, pra ir lá cantar ao vivo.
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Foi o som mais ignorantemente potente que cantei na vida. Mais de 10 mil pessoas cantando no gás o refrão de um jingle político não é todo dia. Só vi acontecer isso no famoso “Lulalá”
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O Jingle do Luis Tibé (PT do B) é outra inacreditável paródia do Araketu. Hj Luis Tibé é deputado federal. Nunca pagou o jingle.
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Enfim, eis ai a recordação de um tempo onde a gente ria muito mesmo passando muita raiva, e ganhava um bom $ em 1 jingle, e tomava cano em outros 10 kkkkkkk
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Mas acima disso, um tempo inesquecível de aprendizado.
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Gravar esses Jingles fez dessa turma grandes ratazanas de estúdio, e isso foi e será pra sempre de grande utilidade.
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A mim pessolamente, ensinou que um bom Produtor precisa aprender a ser eclético e deve lutar por isso até o fim da vida.
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Musicalmente falando pode ter certeza : Esse Jingles são músicalmente mutio bons, de harmonia bem rica, de cantoria empolgada.
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Ouça. Espero que curta, e ria bastante

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Passe o mouse no "escurinho" aqui ao lado: http://soundcloud.com/jingles-94-98/sets/jingles

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Màquina do Tempo - A História das Músicas da Supermissão

Em homenagem aos participantes da Supermissão de Sorocaba(SP), aí está uma história de "bastidores musicais" daquela jornada inesquecível que foi a Supermissão 95.    

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                                Supermissão


Começa o ano de 1995. O assunto nº 1 entre os Jovens Adventistas era a Supermissão.

O evento juntava Evangelismo, Assistência Social e um Grande Congresso reunindo mais de 10 mil jovens de todo o Brasil na Supermissão de “balançar” a cidade de Maceió, capital de Alagoas.

A idéia foi desenvolvida e executada sob liderança do Pr Venefrides, Pr Artur Marski e Pr Braguinha, apoiados pelos demais líderes JA da União Este-Brasileira, que na época abrangia 9 estados do Brasil.

Eu tive o privilégio de ajudar dirigindo os Momentos de Louvor junto com o Grupo Vereda, ao qual eu liderava; e também preparando as trilhas para os diversos momentos da programação, bem como os jingles pra serem veiculados nas rádios locais.

Enquanto as trilhas, os cenários, e a logística dessa grande mobilização iam sendo preparados, uma tarefa especial era desenvolvida no Rio de Janeiro.

Na lendária Rua da Matriz nº16 , Botafogo, Rio de Janeiro; ficavam na época os estúdios da Voz da Profecia.

Ali, o genial maestro Jader Santos tinha a “supermissão” de compor e produzir a música oficial da Supermissão. Haveria também a produção de um CD “Supermissão”, contendo vários outros cânticos pra serem cantados, embalando o evento.

Era o início do mês de Março quando o Jader avisou : “A música está pronta”

Foi marcada uma reunião no Rio com a equipe que produzia o evento, e no dia seguinte os estúdios da VP estavam movimentadíssimos , com todos curiosos pra ver como seria a Musica Oficial da Supermissão.

Eu tive a sorte de ter uma gravação marcada lá no mesmo dia. Era um jingle para o Revive-BH. Minha gravação foi marcada pras 11 da manhã.

Pois bem.

O Pr Artur, então líder JA da UEB, resolveu ver a música antes de todos e foi atrás do Jader, e à medida que ia ouvindo a música, ia fechando a cara : “Jader, está muito calma, e eu preciso de algo com mais energia.A letra está boa, mas a música ta muito tranquila”

Quem conhece o Pr Artur sabe como é. Não adianta chiar. Nenhuma explicação cola.

Pra piorar a situação, naquela altura já havia uma corrida contra o tempo, pois o CD Supermissão precisava estar pronto pra ser lançado na Convenção JÁ, em pouco mais de 20 dias.

Foi quando o Jader disse : “Tá. Espera ai.” Pegou papel e caneta, e em menos de 10 minutos mostrou outra música.
- “E agora ? O que acha ?”

- “De—mais !!!”

O bordão do Pr Artur era a senha do OK

Chegamos as 11 pra nossa gravação e a notícia já havia corrido longe. O Jader havia feito uma música em 10 minutos.

Mas ainda faltava gravar e mixar.

Pediram que adiassemos nossa gravação pras 14 horas. Decidimos almoçar.

Enquanto almoçávamos, o Jader reuniu 3 cantoras do Grupo Carisma, e junto com ele mesmo, o Silmar Correia; dos técnicos de áudio Alexandre Veiga e Kleber Augusto; gravaram e mixaram a música no horário de almoço.

As 14 horas começamos a nossa gravação, que se encerraria as 18.

A notícia correu e antes das 18 hs o estúdio já estava lotado. Todo mundo queria conferir a já famosa música feita em 10 minutos.

Que eu me lembre, estavam lá o Pr Ronaldo Oliveira, os Arautos da época (Dermival, Josué de Castro, Fernando Iglesias, Juan Salazar), Rogério Reis, Pr Braguinha, Pr Artur Marski, Silmar Correia, Alexandre Veiga , Lúcio Monteiro, Pr Stanley Arco, Pr Ursulino Freitas, Élson Gollub, Kleber Augusto e eu

Pra aumentar ainda mais o suspense , o Jader disse : “Perai. Eu quero que a minha esposa (Lúcia) veja como ficou.”

Mais uns 5 minutos e ela subiu. E então, som na caixa.
Ouça aqui o que nós ouvimos em 1ª mão

Todos aplaudiram e ouviram repetidas vezes.

Houve uma oração em agradecimento a Deus pela vida e o talento do Jader , e a Supermissão tinha uma Música Oficial

No ano seguinte haveria outras “Supermissão” em varias cidades.
O Jader novamente foi desafiado a fazer a música oficial.

Dessa vez não houve reclamação. O “de—mais” do Pr Artur veio logo de cara.

Não é fácil, e nem é pra qualquer um, a missão de fazer 2 músicas sobre o mesmo tema, com os mesmos enfoques, com menos de 1 ano de intervalo entre entre as 2 composições. E ainda com o agravante de uma outra música com mesmo tema ter sido descartada.

Nas músicas de 1996, vc vai ver o inconfundível timbre dos Sintetizadores Ensoniq, tocados pelo Jader Santos e pelo Juan Salazar.


Ouça também o Jingle Oficial (sem a locução), que tive o privilégio de fazer para o evento.
Estão cantando além de mim, Angelo Meireles, Sidnèia Brito, Pollyanna Sampaio, Keila Viana

No Jingle Supermissão, usei o famigerado KORG 01/W, que "dominou o mundo" nos anos 90


Quem viveu a Supermissão naquele tempo, vai poder matar a saudade.

Quem está “estreando” nos projetos da Supermissão, pode conhecer parte do início de tudo.

O importante é que todos nós estejamos “conhecendo, amando e servindo” na Supermissão.

Divirta-se, relembre, se inspire clicando * http://migre.me/5798f

Máquina do Tempo - As primeiras vinhetas personalizadas da Rede Novo Tempo

A Rede Novo Tempo da Igreja Adventista do 7º Dia, começou a ser formada no finalzinho de 1989. 

O embrião foi a Fundação Roberto Rabelo, no Espírito Santo, com Rádios AM e FM em Vitória, Afonso Cláudio e Nova Venécia.

Durante os anos seguintes, foram sendo agregadas Rádios Novo Tempo em Curitiba, Novo Hamburgo, Belém, Salvador, Fortaleza, Florianópolis; e assim se formou a Rede Sat Novo Tempo.


Pouco tempo depois, a Rede Sat Novo Tempo se tornou o Sistema Adventista de Comunicação ( SISAC ), pois passou a agregar também a TV Novo Tempo.

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Máquina do Tempo


Voltemos ao início do ano de 1995. 

Até então, a Rádio Novo Tempo não tinha vinhetas e jingles institucionais personalizados.

O produtor musical Lúcio Monteiro recebeu a incumbência de fazer o primeiro pacote de vinhetas personalizadas da Rádio NT de Vitória (95, 9 FM). 

Durante o ano, à medida que ia se consolidando a grade de programação, iam sendo feitas novas vinhetas.


Várias dessas vinhetas passaram também a integrar a programação da recém-formada Rede Sat Novo Tempo.

À essa altura, Lúcio Monteiro, Elson Gollub, eu e o Eurico Ribeiro, já tínhamos fundado a Leme Produções, empresa de produção musical comercial (jingles e vinhetas), e artística (Cds).


Eu guardei algumas dessas vinhetas. O MD que tinha todo o pacote "não existe mais" rsrs. 

Sobrou uma Fita K7 com uma boa parte delas, felizmente as principais.

Resolvi compartilhar essas relíquias, que nessa altura do campeonato, já são História.

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Sobre as vinhetas


A maioria foi composta pelo Lúcio Monteiro, outras pelo Henrique Jota e por mim.

Os arranjos foram feitos por Henrique Jota (músico da noite em BH) e por mim. As mais calmas são as minhas rsrs.  O Lúcio Monteiro tocou Violão.


As locuções são do Carlos Holanda ( Rádio Guarani FM / BH )

A maioria dessas vinhetas foram cantadas por Lúcio Monteiro, Elson Gollub e Keila Viana.

Há também vinhetas na voz da Kátia  Rocha, e participação vocal do Ãngelo Meireles, Sidnéia Brito, Henrique Bambam, e minha também.

Apure o ouvido e descubra quem cantou o que rsrs


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Observações técnicas

Algumas vinhetas tem um espaço instrumental maior, que foram deixados pra que se inserisse a locução do apresentador local, já que de cidade pra cidade, o número da frequência muda.


Por ser um áudio tirado de uma velha fita K7, há chiados característicos. 

Leve-se em conta também, que a linguagem musical "moderna" e "inovadora" da época, hoje já não é tão usada. 

Os sintetizadores também deram uma bela evoluída,

Todos esses timbres sintetizados são do Korg 01/W , teclado que "dominou o mundo" na primeira metade dos anos 90. 

O Kit de bateria do 01/W que hoje causa arrepios rsrs, na época era " o Ó "


Mais que a pureza do som recuperado, vale o registro de algo importante e marcante de uma época de pioneirismo.


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Acredito que muitos vão se lembrar de algumas dessas vinhetas

Divirtam-se na Máquina do Tempo


Clique "no escurinho" ao lado, e ouça  http://migre.me/42M52

Ponto de Partida - Música e Poesia vencendo fuzis e canhões

O que proponho agora é um mergulho na História recente do Brasil.

História Viva, cujas páginas finais do atual capítulo ainda estão sendo escritas diante dos nossos olhos, e inclusive com nossa participação.

O post é longo e detalhado. Leia numa hora calma, e ouça também as músicas.


Ajuda a entender um pouco mais sobre o que é o Brasil atualmente


Leia e entenda porque

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Ponto de Partida - O Bêbado e a Equilibrista

No Natal de 1977, morre Charles Chaplin, ator e diretor de Cinema e Teatro e também compositor. Uma de suas músicas mais conhecidas é “Smile”.

A singela e sentimental melodia de “Smile” é como se fosse composta por “Carlitos”, o eterno personagem de Chaplin : Uma música que incentiva a sorrir e a sonhar, mesmo que a vida seja triste e difícil. 

A canção "Smile" foi o Ponto de Partida pra composição de uma das músicas mais emblemáticas da História do Brasil

Já em 1978, impressionado com a morte de Chaplin, João Bosco compõe uma melodia “homenageando” Smile; e mostra a seu parceiro de letra, Aldir Blanc.

João Bosco e Aldir Blanc sempre foram da ala dos “artistas engajados” nas causas sociais e políticas, assim como Charles Chaplin também era.

 O Brasil vivia sob a violenta repressão da Ditadura Militar. Muitos torturados, muitos assasinatos, muitos desaparecidos e mais de 10 mil exilados políticos. 

Na época, um dos “assuntos do momento” era o “suicídio” forjado nos porões do DOPS, de um dos mais importantes jornalistas do País : Vladimir Herzog.

Falava-se também da morte do operário Manoel Fiel Filho, assasinado pelo simples fato de estar carregando um exemplar do Jornal do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, na época já presidido por Lula.

Nessa mesma época, o cartunista Henfil, amigo de João Bosco e Aldir Blanc, nas rodas de conversas políticas; falava sem parar de seu irmão, o sociólogo Betinho, que tinha idéias brilhantes para implantar no país, mas perseguido pelos militares, se refugiou no México e nos EUA.

Eram vários os artistas que usavam a música, o teatro, o cinema, para protestar e incentivar a sociedade a sonhar e lutar pela volta de Liberdade e da Democracia.

Nesse “caldo cultural e político”, João Bosco e Aldir Blanc fizeram uma das músicas mais emblemáticas da História do Brasil : O Bêbado e a Equilibrista.

A letra parece confusa, mas explica-se : Durante a Ditadura Militar, havia implacável censura, que proibia a execução de músicas, cancelava shows, e até apreendia discos que contivessem “conteúdo subversivo”.

Cantores como Gilberto Gil, Caetano Veloso, Chico Buarque frequentemente eram proibidos de tocar nas rádios e TVs. Foram exilados,

Acuados pela censura, era comum que os artistas na época, passassem suas mensagens políticas através de “códigos”, ou linguagem simbólica.

Essa é a razão de “O Bêbado e a Equilibrista” ter uma linguagem tão “apocalíptica”, cheia de símbolos.

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O cartunista Henfil, criou em suas charges um “Cemitério dos Mortos-Vivos”, onde “enterrava” personalidades que tinham grande popularidade, mas que não usavam seu prestígio para mostrar ao povo que era preciso lutar pela liberdade no Brasil

Henfil “enterrou” Pelé, Roberto Carlos, Sílvio Santos, e vários outros, que considerava ser “instrumentos de alienação política”

Um belo dia, Henfil “enterrou” Elis Regina, por que ela havia ido cantar num evento do Exército. O Exército obrigou Elis a cancelar um show para ir cantar no evento militar.

Elis ficou furiosa com Henfil, mas entendeu a mensagem, e “ressucitou” em grande estilo : Elis gravou para o Fantástico, a música “O Bêbado e a Equilibrista” até então inédita.
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Foi um petardo contra a Ditadura. 

Rádios e TVs na época, davam muito mais espaço pra músicas mais elaboradas, do que dão hoje. O povo era acostumado a ouvir musicas mais complexas.

Assim que a música tocou no Fantástico, em 1979, caiu nas graças dos artistas, e do povo em geral. Bombou nas rádios, que passaram a ignorar e desobedecer a Censura.

Passou a ser usada nas passeatas, protestos, e se tornou o “Hino da Luta pela Anistia Política”

O poder mobilizador foi gigantesco. Pressionado, o Governo Militar adiantou a “abertura política” e o General-presidente Figueiredo promulgou no mesmo ano de 1979, a Lei da Anistia.

Os exilados políticos voltaram em massa. Os presos políticos também foram anistiados.

Poesias, romances, contos e músicas podem vencer os fuzis e canhões.

 Essa música marcou uma geração, marcou o início do fim da luta do povo brasileiro pela volta da Democracia

Vale a pena entender cada uma dessas “simbologias” contidas nessa letra complicada:

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O Bêbado = Os artistas, músicos, escritores, poetas, os “loucos” que ousavam levantar a voz contra a Ditadura .  

A Equilibrista = a Liberdade


Caía a tarde = Expressões como “Cair a tarde”, ou “noite”, ou “trevas” nas músicas da época sempre se referiam à Ditadura

Feito um viaduto = Uma referencia à queda Viaduto Paulo de Frontin no Rio,  e a queda do Centro de Exposições da Gameleira em BH. Nas 2 ocasiões, centenas de trabalhadores morreram, e fora das cidades onde ocorreram, ninguém mais soube, pois o Governo Militar, empenhado em fazer o “Brasil grande”, escondia acidentes e desastres da opinião pública

E um bêbado trajando luto me lembrou Carlitos = Se referindo aos artistas, tristes e oprimidos pela repressão, mas mesmo pobres e desamparados, assim como Carlitos não perdiam o sorriso e a esperança. Ao mencionar Carlitos, homenageiam Chaplin

A Lua = Representava os políticos civis como Sarney, ACM, Maluf, Delfim Neto; entre vários que apoiavam o Governo Militar com intuito de tirar vantagens pessoais com a aproximação desse poder. Por sua postura dúbia e conivente, eram apelidados pelos militantes de esquerda, de “luas-pretas”

Tal qual a dona de um Bordel = Os políticos civis eram os “donos” do grande "bordel" de sempre, na política : O Congresso Nacional, Câmara e Senado, retratados como bordel desde a História Antiga

Pedia a cada estrela fria, um brilho de aluguel = Os políticos civis (Lua) donos do “bordel” não tinham brilho próprio, poder. 

O seu brilho era alugado pelos donos do poder : Os Generais. 
Eles eram retratados como”estrelas” em referencia às suas patentes militares, , mas “estrelas frias” por que seu “brilho”, seu poder, não era legítimo

E nuvens lá no mata-borrão do céu, chupavam manchas torturadas = Essa expressão se refere diretamente à tortura de presos políticos.

Mata –borrão é um instrumento antiquado de eliminar erros e manchas na escrita de caneta tinteiro. Nesse caso, representa o DOPS, e o DOI-CODI, o “Mata-borrão” que visava “eliminar” os erros ideológicos, os subversivos através da tortura e de assassinatos.

As “nuvens e o céu” representam os inatingíveis, e inalcançáveis torturadores e os porões do DOPS que “chupavam manchas torturadas”, ou seja; “corrigiam” os erros da sociedade.

Hoje sabemos que uma das “manchas torturadas”  se tornou a primeira mulher a ser Presidente da República : Dilma Rousseff

Que sufoco ! = a expressão é auto explicativa

Louco, o bêbado com chapéu – coco fazia irreverências mil na noite do Brasil = Se refere aos artistas “loucos”, sonhadores como Carlitos e seu chapéu-coco; que teimavam em fazer irreverências á Ditadura (noite do Brasil )

Meu Brasil que sonha com a volta do irmão do Henfil = Referência ao sociólogo Betinho, irmão do cartunista Henfil, que era exilado político. Henfil através de suas charges, fazia criticas pesadas e ácidas à Ditadura. 

Com tanta gente que partiu num rabo de foguete = Referencia aos demais exilados políticos. Gente como Brizola, Fernando Henrique, Miguel Arraes, Chico Buarque, Gilberto Gil, Fernando Gabeira, José Dirceu

Chora a nossa pátria mãe gentil, choram Marias e Clarices no solo do Brasil = Referência à tristeza e a saudade que o Brasil sentia de filhos ilustres. Ao todo, eram 10 mil exilados políticos,

Maria era o nome da viúva de Manoel Fiel Filho, operário; a Clarice era a viúva de Vladimir Herzog, jornalista; ambos assassinados no DOPS. 

Nessa música, “Marias e Clarices” representavam as mães, esposas e famílias de pessoas mortas ou desaparecidas nos porões da Ditadura, fatos que ainda continuam vivos na discussão política, páginas ainda não viradas na História do Brasil 

Mas sei que uma dor assim pungente, não há de ser inutilmente = Era a certeza de que a luta que travavam valeria a pena

A esperança dança na corda bamba, de sombrinha; e em cada passo dessa linha pode se machucar = A esperança era algo frágil, e poderia se esvair num instante. O Governo Militar já falava em Abertura Política “lenta, segura e gradual”; mas todos sabiam que a qualquer momento tudo poderia voltar à estaca zero

Azar! A esperança Equilibrista sabe que o show de todo artista, tem que continuar = Os artistas sinalizavam que continuariam cantando e lutando pela liberdade. 

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Embalados por essa música, Fernando Henrique, José Dirceu, Fernando Gabeira, Brizola, Miguel Arraes, Betinho e mais 10 mil exilados políticos voltaram ao Brasil

Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Milton Nascimento, Elis Regina, Beth Carvalho e muitos outros pararam de ter músicas vetadas nas rádios

Aloysio Nunes, Dilma Rousseff, José Aníbal, Lula e muitos outros, foram anistiados pelos “crimes de subversão”

Em 1985 a Ditadura Militar chegou ao fim, e a Democracia voltou de vez, inclusive com uma nova Constituição.

Hoje, graças à Liberdade de Expressão, esses fatos são amplamente estudados e abordados na Mídia Brasileira.


A primeira vez que ouvi a explicação sobre os significados da canção "O Bêbado e a Equilibrista", foi em 1988, numa aula de Literatura, no Colégio Salesiano, em BH.


No documentário "Irmãos de sangue" os irmãos hemofílicos Betinho, Henfil e Chico Mário; contam sobre a composição dessa música.


A Minissérie "Queridos Amigos" da Rede Globo em 2009, relembrando os 30 anos da Anistia; também abordou a história dessa música e da volta dos exilados políticos


Há também entrevistas dos próprios autores, João Bosco e Aldir Blanc, esmiuçando esses detalhes.

Há inúmeros livros, revistas, sites e blogs que também esmiuçam essa canção.


É a História do Brasil não contada nos livros escolares. Vista apenas pelos que se interessam em ver "dentro da música".

Música, Livros, Poesias podem vencer fuzis e canhões. 

Alguém duvida ?
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Aí está João Bosco, 30 anos depois de compor, emocionando a platéia que chora enquanto canta uma das canções mais importantes da História do Brasil
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Ponto de Partida - Em quanto tempo a música estará pronta ?

Essa é uma pergunta que todos os compositores ouvem, quando recebem a missão de compor "por encomenda".


Não há como compor em "linha de montagem". Às vezes demora, às vezes não. 


Aí estão 2 experiências que vivi, compondo uma música em 20 minutos, e outra em 9 anos.


Falei sobre o "Ponto de Partida" das músicas "Elias" e "Vem lutar", ambas gravadas no DVD "Vai Começar" do Quarteto Athus

Ponto de partida - O Deus da segunda chance


Eu estava produzindo meu CD solo, que é autoral. Passei o dia todo no estúdio, e já em casa; assistia a uma mesa redonda sobre futebol.


Ao me levantar pra repor o squezzer de suco, pisei num encarte de CD caído no chão. Esse CD tinha sido lançado 2 anos antes. Eu já tinha escutado , mas não tinha lido o encarte.


Era o CD “Artist of my soul” de Sandi Patty. A maior cantora cristã de todos os tempos tinha voltado a cantar e esse CD marcava seu retorno à musica cristã.

Anos antes, no fim de 1992, Sandi Patty havia se divorciado, de forma surpreendente , de John Helvering ; que também era seu empresário.

O motivo do divórcio só veio a público em 1995. Sandi Patty tinha um caso extraconjugal com um músico de seu staff, e o manteve em segredo, mesmo depois de consumado o divórcio

Cena pra lá de triste, a retirada de seus CDs das prateleiras.A maior cantora cristã de todos os tempos virou escândalo, uma pedra de tropeço.

Ao ver aquele encarte, foi inevitável a lembrança dessa história triste. Me veio a idéia de “ver o que ela diz nos agradecimentos”

Enquanto rolava o intervalo comercial, eu “corri o olho” no encarte e logo de cara me deparei com a seguinte frase : “ I am thankful that my God is still the God of second chances and new beginnings”

Pensei : “Ahaaa ! Achei o tema pra música de apelo que falta no meu CD Solo.”

Enquanto eu via os gols da rodada e a resenha dos comentaristas do “Cartão Verde” na TV Cultura, a idéia de como fazer a música ia “cozinhando” em minha mente.

Veio o sono. Horas depois ...  raiou um novo dia rsrrs

Na manhã de segunda feira, 25 de janeiro de 1999; antes de sair eu fui pro piano. Pensei : “Senhor me ajuda pq eu vou resolver isso agora ! ”

Deus me ajudou e eu “desci o verbo”. Foi saindo tudo rápido, e eu ia fazendo junto tocando,cantando, e anotando .

Conferi a fluência do poema, da melodia, da harmonia. Senti “cheiro de gol” na hora.

Estava pronta a música “O Deus da segunda chance”

Glória a Deus !!! Sem Ele ajudando, nossas idéias não saem do papel. Às vezes nem chegam ao papel.


O Ponto de partida


Na autobiografia “Broken on the Back Row – A Journey through Grace and forgiveness” , lançada em 2005; Sandi Patty conta que ainda antes de seu caso extraconjugal ser descoberto, foi a uma pequena igreja. 

Conseguiu a proeza de não ser reconhecida,sentou-se no último banco, chorou ao ver o coral cantar, chorou na apresentação de um bebe, chorou nas orações e no sermão. Saiu de cabeça baixa.

Na saída, ao cumprimentar o pastor ( o nome não é mencionado ) ela ouviu : “Estamos felizes por ver você aqui. As pessoas querem saber seu nome, mas talvez tudo o que você quer hoje, é sentar no ultimo banco e chorar. Tudo bem. Nosso Deus sabe como encontrar você.”

O pastor arrematou o momento com a frase : “We serve the God of second chances, the God of new beginnings.”

Aí está o ponto de partida


Um pastor que não sei quem é percebeu a angustia de alguém que ele não reconheceu imediatamente, e lhe deu uma palavra de conforto.

A frase fez efeito no coração de Sandi Patty, a ponto de ela mencionar isso em seu CD de retorno à atividade musical

Eu pego o CD, leio seu encarte e tenho a idéia de fazer uma música.

É o passo a passo de um milagre espiritual, que confirma a Lei de Lavoisier : "Na natureza nada se cria, tudo se transforma."

Hoje, milhares de pessoas conhecem a música que eu fiz. Milhões leram o encarte de “Artist of my soul”, e agora lêem o livro da Sandi Patty. É possível que outros também tenham composto músicas com esse título, com esse tema. 

Eu não conheço Sandi Patty pessoalmente. Ela nem sabe que eu existo rsrs. Nunca escutou essa música com certeza. Não tem problema.

Acima disso, está a certeza de que o Deus de todos nós é o Deus da segunda chance pra Sandi Patty, pra mim, e pra todos os que buscam Seu perdão e lutam por novos começos.

Escute aí a canção : 


Ficha técnica da gravação
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Teclados, voz e vocais : Marcelo Meireles
Programação de Baixo e Bateria : Marcos Roberto

Como foi produzir Roberto Carlos ? - Entrevista c/ Guto Graça Melo, 2002

                 O Acústico MTV Roberto Carlos.   

Entrevista com o Guto Graça Melo 
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Como foi produzir Roberto Carlos no Acústico MTV? A gravação foi em maio e o. CD saiu só em dezembro. Por que a demora?


O Roberto é super detalhista e a idéia era preservar o material o máximo possível. 

Chegou uma hora em que a imprensa começou a falar que ele estaria regravando tudo. Mas na verdade, o que ele fez foi estudar como preservar o que havia sido feito e, evidentemente, melhorar da maneira que fosse possível. 


Ele trabalhou estudando as vozes dos dois shows que foram gravados, além dos ensaios, que também foram gravados.
 

Ele chegou a tentar colocar uma voz, mas vimos que não dava certo por causa dos vazamentos ( numa gravação ao vivo, o microfone da voz capta sons do público e de instrumentos ). Trocamos sílabas que não estavam boas. Enfim, verificamos sílaba por sílaba, foi um trabalho de joalheiro mesmo.
 

A verdade é que o Roberto sempre leva muito tempo para fazer os discos dele: cinco, seis meses. Mas dessa vez, como todo mundo - o público, a imprensa - viu o dia em que o disco foi gravado, o tempo de produção ficou muito exposto
 

Como é o Roberto Carlos no estúdio ?
 

Ele é extremamente cuidadoso com a voz dele. Nós, quando ouvimos o Roberto cantar, já achamos uma maravilha, mas ele consegue prestar atenção em detalhes que ninguém mais percebe numa primeira impressão. Investigar a própria voz é um dos maiores prazeres dele.
 

Nesse trabalho, ele acabou descobrindo coisas sensacionais sobre Pro Tools ( software de edição musical ) que eu mesmo nem sabia, especialmente em relação ao Auto Tune ( plug-in que tem a função de afinar vozes ou instrumentos musicais ).
 

Todo mundo sabe que o Auto Tune provoca um delay ( atraso no som ) quando a gente usa os processadores ou o plug-in.
 

Mas ele percebeu que provocava vários delays internos: se você afina uma sílaba no meio de uma frase, essa sílaba acaba ligeiramente deslocada. ( Isso não ocorre mais porque hj os computadores são bem mais eficientes )
 

Mas houve overdub na voz dele ? ( Overdub é uma “dublagem em cima da gravaçao original. Essa técnica é muito usada principalmente em filmes de ação )
 

Não, se mexemos 20 vezes no show inteiro na voz foi muito. E isso não é nada, até porque geralmente o problema era com a letra, com uma palavra que não saía correta, coisas assim. Mas cada questãozinha demorava um tempo enorme para ser resolvida,  porque tentávamos várias possibilidades.

E aquela história de que o Roberto grava a mesma música em tons diferentes?

 

Isso não aconteceu nesse trabalho. Aliás, ele me surpreendeu muito em relação às histórias que sempre ouvi.
 

Quando começamos a preparar esse disco, o primeiro conceito que apareceu foi o de evitar qualquer comportamento cerebral em relação às músicas, como fazer uma harmonia super sofisticada aqui, ou incluir uma introdução ali.
 

Todas começam com o quinteto dando um acorde, começando a levada, e o Roberto entrando onde quisesse. Um detalhe importante é que não foram feitas cifras, nada foi escrito. As músicas eram todas muito conhecidas. Acertamos poucos detalhes.
 

Mas o ponto a que eu quero chegar é que o Roberto fez o show direto, como se fosse um show qualquer. A única vez em que ele parou foi em uma música, quando estava tocando o piano e errou um acorde.
 

Normalmente, nas outras gravações de shows, os músicos param o tempo todo, repetem músicas quatro vezes... Então o que seria aquela encheção de saco do público, de ouvir 500 vezes a mesma música, foi feito no estúdio.
 

O que o Roberto mais quer é não mexer na voz, mas às vezes para chegar à conclusão de que o melhor é não mexer, ele leva 20 dias. A questão é que ele verifica tudo, cada respiração. Eu passei seis meses chegando ao estúdio às duas da tarde e saindo às seis da manhã.
 

E aquele estilo de mixagem, com a voz dele lá na frente e a banda atrás? ( A expressão "voz lá na frente" é tipica do mundo dos estúdios. Usa-se tb "voz muito na cara". Quer dizer que a voz está muito alta em relação ao instrumental )
 

Isso é o jeito dele, não tem como interferir. Sempre foi assim.

É muito diferente trabalhar com cantores e fazer a produção de bandas?

 

Eu nunca fui um produtor de bandas, tenho uma dificuldade enorme em lidar com elas, com aquela coisa de todos serem donos e quererem colocar seus instrumentos lá na frente.
("lá na frente" =muito altos. Nas bandas é comum a briga pra ter seu instrumento mais alto rsrsr ). A administração do disco é completamente diferente.
 

Mas quando você trabalha com um disco de cantor, a preocupação é sempre a mesma: a voz.
 

O Roberto diz que a voz tem que ser como uma lua cheia nascendo. Você não pode ver um pedaço da lua, tem que ver a lua inteira. Não precisa ser alta, mas você tem que ver o redondo da lua completo.
 

Ou seja, ela tem que estar completamente fora da base ( "fora da base", tb significa voz mais alta que os instrumentos ). 
Se tiver um suspiro dele que não apareça, ele reclama. Além disso, o Roberto não gosta que se mova muito a voz, que se faça um ride com ela.( fazer ride = corringir pequenos desencontros )
 

Ele gosta que a voz fique com a dinâmica que ele deu a ela. Então só tem um jeito: muito volume.
 

E ao mesmo tempo, ele é sensível à compressão ( aparelho que corrige grandes variações de intensidade ).
 

Não adianta, ele logo diz "ei, o que aconteceu com a minha voz?".

Você presta muita atenção na voz?

 

Tenho muito cuidado com elementos que são maravilhosos em si, mas que podem desviar a atenção da voz. Isso eu aprendi com o João Gilberto.
 

A gente tinha gravado voz e violão do João no Brasil e os outros instrumentos eu coloquei sem a presença dele, lá nos EUA.
 

Ele não ficou contente, claro, mas acabou aprovando, com a exceção de um detalhe em uma música: o saxofonista Tommy Scott, que usou uma espécie de clarineta elétrica - tocando lá atrás enquanto o João cantava, mas sem interferir na voz. E o João pediu para retirar esse instrumento.
 

Eu perguntei se ele achava que estava muito alto ou feio e ele respondeu que não, mas disse: "sabe qual é problema? Quem escutar isso vai perguntar 'quem é esse cantor chato que não deixa a gente ouvir o som lindo que está sendo feito lá atrás'".
( lá atrás = pouco volume )
 

Ele está certíssimo, isso foi a maior lição para a produção de um disco de cantor.

Você aprendeu muito com os próprios erros?

 

Claro. Principalmente com essa coisa de dizer que sabe fazer o que não sabe: querer ser técnico no lugar do técnico e outras coisas assim.
 

Além disso, se empolgar com a tecnologia e começar a achar que o equipamento é mais importante do que a arte.
 

Eu acho que estou fora do perfil mundial atual do produtor; aquele que faz três faixas em um dia, faixas em que ele tocou, fez o arranjo, e o artista é quase um robô que faz só o que ele quer. Depois ele coloca a música na rua, vende um milhão de discos, bota a grana no bolso e é isso.
 

O meu barato é outro: é extrair do artista o que ele tem de melhor.

 

E então ? Gostaram da entrevista ? Comentem

Joy to the World

Aí está um clássico da História da Humanidade, cantada com fúria erudita pelos King's Heralds; um dos maiores quartetos de todos os tempos.
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Sobre a Gravação

A orquestra é da Chapel Records, em grande performance. O som é excelente.

Aos "quarteteiros" uma nuance. Nessa gravação os KH ainda usavam a técnica de "dividir o stéreo".com baixos dum lado, tenores do outro. Essa foi a última produção feita ainda dessa forma na IASD.

Os "puristas do som" podem matar a saudade do "casamento" de microfones e prés valvulados, com as fitas analógicas de 2 polegadas. Sonzaço. Configure pra 480, que é a qualidade mais alta.
Isso foi há quase 30 anos hein rsrsrs


Sobre a Obra Musical

Neese arranjo sensacional, vemos uma obra composta por Haendel na transição do Barroco pro Clássico, porém arranjada de forma genial por Jim Teel, sob influencia do Politonalismo do Século 20.

A introdução já é uma viagem. Começa em Ré M, vai pra Fá # M, depois Sib M, em apenas 2 compassos.

O tom de Sib vai se "degradando" vagarosamente, até súbitamente "restabelecer a ordem" no tom de Fá M. 

A "ilustração" é clara : O mundo estava sem rumo e AGORA SIM ! Joy to the world ! O Senhor Jesus chegou !


Na segunda estrofe, um pequeno flerte com a harmonia de jazz, e há uma suavidade pra descrever a Natureza saudando a chegada do Rei.


Surge então um interludio modulador, numa marcha, que conduz de volta ao tom inicial, Ré M. 

Agora já há percussão marcante, e o quarteto ressurge triunfante, com força total. voz empostada, e orquestra cheia, pra ilustrar a "autoridade do Rei Jesus", Rei dos Reis e Senhor dos Senhores, que oferece Graça e Justiça ao mundo todo.

Aos ouvidos e almas mas sensíveis, é fácil perceber a História da Redenção apenas nessa música. Ouça com atenção e confira :

* O mundo é criado ( Ré M )
* O mundo se perde ( modulações sucessivas ) 
* As vozes surgem a solução definitiva, Jesus ( Fá M ) 
* A Natureza aplaude suavemente
* Enfim o Reino de Deus é reestabelecido com autoridade e força   por Jesus ( volta o Tom inicial, dessa vez num "fortíssimo" )

Genial. É a música a serviço da Teologia , e os dois unidos pregando as boas novas : Joy to the world, Jesus chegou !!!


Joy to the World !!! Jesus nasceu , viveu entre nós, e atrai todos com Sua Graça e governa o mundo com Sua Justiça

Gostou de ver essa música "por dentro" ? Comente à vontade